FOS (Fanfics Originais do Schias): Contagem Regressiva para a Chrise #11

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Contagem Regressiva para a Chrise #11

(by Tiago Andrade)

Contagem para Chrise # 11

Homem-Aranha



Nova York fica linda vista daqui.
Por cima do caos do trânsito e das multidões se acotovelando, eu vejo a verdadeira alma da cidade. Todos indo e vindo sem cessar criam um retrato que infelizmente eu aprecio sozinho.
Mas tudo bem. Acabei me acostumando. Afinal, com a bagunça na minha vida nos últimos meses, eu seria um péssimo namorado. Para não citar que existem poucas garotas que aguentariam escalar um prédio.
Começo a observar as ruas, à procura de alguém que preise de mim. Ali está o tipo de coisa que me interrompe bem quando estas minhas reflexões estão se tornando irritantes até pra mim. Um cara achou que podia brincar de mão-leve e neste exato momento está correndo pela Oitava Avenida carregando a bolsa de uma socialite assustada.
É o tipo de coisa que eu faço de olhos fechados: uma piada para distrair o cara enquanto eu chego perto, e quando ele virar para olhar eu faço uma barreira de teia entre um poste e a parede. Me balanço na direção dele até ficar a apenas um salto de distância...
Peraí, o que é que tá acontecendo?!
O cara simplesmente atravessa a rua correndo - sem ser atropelado, o que já é bem surpreendente em se tratando de Nova York - e, de repente, muda. Continua sendo o mesmo cara, mas agora parece um moleque da minha idade - e sem nenhum sinal da bolsa roubada nas mãos. Na verdade, olhando para trás eu vejo que a dona da tal bolsa agora traz um modelo ainda mais caro. Que deve ter se materializado na mão dela ou algo assim.
Penso em pegar o celular e ver se ainda tenho o telefone do Dr. Estranho, quando vejo que assaltantes virando alunos do colegial não são a única coisa esquisita por aqui. Um Toyota Camaro azul de repente se torna amarelo - e mais novo - ao fazer uma curva.
Eu já vi muita coisa esquisita neste meu pouco tempo como super-herói, mas isso supera tudo. Principalmente porque não tem nenhum maluco numa fantasia cafona fazendo tudo isso. Bom, pode ser que tenha e ele esteja escondido. É melhor eu verificar.
Para variar, um monte de gente desesperada começa a achar que isso é um prenúncio do fim do mundo e a correr de um lado para outro. Se continuarem assim, vou ter que me desdobrar em três para evitar que efetivamente seja para alguma delas. Uma garotinha quase morre quando um trator aparece no meio da calçada, e dá para perceber nos olhos do tratorista que ele está tão surpreso quanto eu.
- Acho que essa belezinha não foi feita para andar neste tipo de pista - digo, quando o trator já não é mais um perigo para ninguém.
- Homem-Aranha?
- Ou isso ou o Thor mudou de uniforme.
- Você não era...mais alto?
- Eu fiquei tempo demais debaixo do aracno-chuveiro e encolhi - respondo brincando, antes de lançar uma teia no prédio mais próximo.
As pessoas me perguntam isso o tempo todo. "Você não era mais alto? Mais musculoso? Uma garota?" Tudo culpa das câmeras de TV.
Vou até o topo do edifício mais alto da região e olho para baixo antes de voltar para casa, tentando ter certeza de que essa loucura terminou. Aos poucos, tudo volta ao normal. A última coisa anormal que acontece é a gravata azul de um executivo virar amarela num piscar de olhos, mas o cara está tão ocupado falando ao celular que nem percebe.
Lembro que tenho uma prova de geografia amanhã de manhã e decido ir para casa estudar. Já tive minha cota de esquisitices da semana, e...ei, que ringue de luta livre é aquele? É o Dr. Estranho lá dentro, mas com quem ele tá brigando?
- Pelas barbas do profeta, Johnny! o Dr. Estranho aplica um encantamento do qual Aliester Crowley não deve escapar!
- De fato, Silvio! Parece que já temos um vitorioso!
- O Dr. Estranho é o vencedor!
O que raios tá acontecendo aqui?
- Vamos ao ringue, onde nosso repórter, o Escorpião-Rei, entrevista o vencedor!
Eles somem antes da tal entrevista. Apesar de todas as coisas estranhas, chego em casa sem maiores dificuldades - exceto dois trombadinhas tentando roubar um banco, mas eles felizmente não viram iguanas gigantes ou algo assim.
Antes de entrar em casa, porém, topo com uma loira numa cadeira de rodas. Ela está indo em direção à minha casa - ou à casa que fica onde eu acho que moro, já que a esta altura até a casa parece diferente - e parece me conhecer com e sem máscara.
- Homem-Aranha? Você parece...diferente.
- Desculpa...eu conheço você?
- Sou eu...Gwen. Você não se lembra?
- Mas e essa...
- A cadeira? Achei que você já tivesse superado isso...e se acostumado.
- O que é que está acontecendo aqui?
Não tenho tempo de tentar saber mais sobre Gwen. Um bando de gente armada aparece no meio da rua, e também parecem querer falar comigo. Um deles tem um jeito meio...suíno, na falta de um termo melhor. Do lado dele, uma loiraça de biquíni que passa tanta confiança quanto o Dallas Mavericks nos playoffs e um motoqueiro com duas correntes. Completa o grupo um cara que me parece familiar - só não sei por quê.
- Quem é você?
- Eu sou Benjamin Reilly, líder do Esquadrão Suicida. Você deve ser o dr. Peter Bernard Parker. Fomos instruídos a procurá-lo.
- Hã...não - respondo, surpreso pelo cara quase saber meu nome (ele errou só pelo título de doutor e pelo "Bernard").
- Terra errada - diz o tal Reilly, olhando para o relógio frustrado - Alguém me lembre de pedir ao Gearloose para dar uma olhada nestes equipamentos quando voltarmos ao nosso...
O universo inteiro parece se desfazer num clarão de luz silenciosa. A luz vira uma grande escuridão...e eu fecho os olhos crente de que não vou ter chance de abrí-los.

- Bom dia, Nova York! São seis e um da manhã e está um lindo dia lá fora...
- Peter? Está na hora.
- Hora?..
- É a sua vez de levar os gêmeos para a escola, esqueceu?
- Não...só tive um sonho esquisito.

- Direto do Celebrity Deathmatch, eu sou Johnny Gomez.
- E eu sou Silvio Luiz.
- E nós dizemos: boa luta, boa noite.

A seguir: o gigante e o sargento!

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