Contagem para Chrise - 12
Viúva Negra
Um avião indetectável a radares voa velozmente sobre o Oceano Pacífico, trazendo a bordo uma equipe composta por alguns dos maiores especialistas globais em segurança. Sua missão: impedir que o terrorista conhecido como Mago espalhe um gás tóxico experimental em Wellington, Nova Zelândia.
- Devemos chegar a Wellington em poucos minutos, equipe - anuncia o piloto do jato. - Assumir posições.
- Ouviram Jeffrey, rapazes - diz a líder do grupo, uma bela mulher de longos cabelos ruivos vestida num provocante collant preto. - Peguem seus pára-quedas...e preparem-se.
A este comando, não apenas pára-quedas como armas e coletes são verificados uma última vez. Um jovem oficial curioso dirige-se para a janela, fazendo uma observação que muda todo o foco da missão:
- Viúva, sabe se há alguma ilha nesta rota?
- Não, e fizemos este caminho justamente por isso - responde a bela ruiva, surpresa - Por que a per...?
- Todos os equipamentos travaram! Preparem-se para colisão!
O pequeno jato vem ao solo como um pião, girando sobre seu próprio eixo a velocidades cada vez mais altas até que atinge o solo. Devido à sua estrutura ultra-resistente, porém, o avião pouco sofre além de um considerável amassado na lataria.
- Desculpem por isso, pessoal - grita Jeffrey, soltando seu cinto de segurança e partindo para auxiliar seus colegas - Os instrumentos simplesmente apagaram. É como se esse lugar tivesse um campo eletromagnético ou algo assim.
- Acha que pode ser Magneto? - indaga um dos agentes.
- Improvável. Atacar por atacar não faz o estilo dele. Além disso...por que o maior radical mutante do mundo ajudaria um humano?
- Pensem nisso depois - aconselha a Viúva Negra - Vamos nos preocupar em sair daqui. Presumo que não temos contato via rádio.
- Isso mesmo. Só estamos captando estática...e uma mensagem em português ruim.
- Português?!..
Não há tempo, porém, para que a Viúva Negra prossiga seu raciocínio. Um imenso bebê caminha sobre os agentes, esmagando os restos do avião.
- Vocês viram aquilo?!
- Um..bebê gigante?!
- Que lugar é este?
- É o que eu também venho me perguntando - diz um homem em roupas parcialmente rasgadas, caminhando na direção do grupo. Seu cabelo preto contrasta com o brilho do sol do lugar, e uma grande cicatriz destaca-se sobre o olho direito. - Estou aqui há algum tempo...e esta ilha não pára de me surpreender.
- PARADO! - grita a Viúva, apontando um revólver para o misterioso homem.
- Ei, que tal abaixar esta arma? - pede o homem, as mãos espalmadas indicando suas boas intenções - Vocês vieram deste avião que vi cair há pouco? É um milagre estarem bem assim.
- Quem é você? - indaga um dos agentes da SHIELD, guardando sua arma.
- Meu nome é Bruce Wayne. O avião em que eu estava também caiu nesta ilha há algumas semanas...mas receio que nós estivéssemos em piores condições.
- Algumas semanas?
- A ilha não consta de nenhum mapa, lembra?
- Eu percebi isso logo - afirma Wayne, olhando para o céu. - Mas temos outra preocupação agora. Vai anoitecer logo...e esta ilha não é nada segura à noite. É melhor que vocês acampem em algum lugar.
- Por que não onde você acampa? - indaga um dos agentes, provocando.
- Receio que não será possível. Não me entendam mal, mas...já tivemos nossa cota de experiências ruins com visitantes. Precisam de alguma coisa? Comida, água?..
- Acho que temos tudo de que precisamos...Bruce, certo? Obrigada.
- É melhor estabelecermos turnos de vigia - sugere a Viúva Negra, ajudando dois de seus subordinados a remover uma caixa de suprimentos dos escombros do avião. - Pelo que o tal Wayne disse, não estamos num lugar tranquilo.
- O que te faz pensar que podemos confiar naquele cara? Quer dizer, a gente cai numa ilha que nem está catalogada, um maluco aparece do nada falando pra tomarmos cuidado, nos larga sozinhos no meio do matagal e a gente acredita? Talvez seja por causa dele que este lugar não é seguro.
- Com ou sem sujeito misterioso, Dócrates, isto ainda é uma selva. Exige que tomemos cuidado. Algum voluntário para o primeiro turno?
Dois turnos e meio (na verdade, dois turnos e nove dezesseis avos, mas não vamos entrar no mérito da matemática) transcorrem sem que nada significativo ocorra nos arredores do acampamento. Numa praia próxima, porém, ocorre um encontro no mínimo curioso.
- Coy? Cooooy? Cobalto Cosnos, onde você e minha irmã se meteram?!? Droga...
- Não sei quem você tá chamando, mas acho que não estão aqui - responde um jovem ruivo, vestido num traje escarlate. Seus olhos são cobertos por grandes óculos amarelos. - Parece que só tem a gente nesta ilha.
- Quem é você?
- Pode me chamar de Flash - responde o rapaz de vermelho - E eu posso te chamar de...
- Carla.
- É um prazer conhecê-la, Carla...embora eu pessoalmente gostaria de saber como exatamente nós viemos parar aqui. Num minuto, eu tava com a Liga da Justiça em Star City brigando contra um dragão gigante de sunga e então... - para sintetizar sua próxima frase, o Flash estala os dedos. - Voilà! Vim parar aqui. Uma ilha deserta, à noite...será que a Dana também tá bem assim?
- Dana?
- Minha namorada, quase noiva.
- Ah.
- Mudando de assunto...acho que seria bom procurarmos um lugar para dormir. E alguma coisa para comer, se você estiver com tanta fome quanto eu.
- Não, obrigada. Não costumo confiar em homens que usam roupas grudadas no corpo. Nada pessoal.
De volta ao acampamento da SHIELD...
- Viúva! Acorde!
- Hnnn...é bom isso ser importante, Silkins.
- Parece haver meta-humanos na ilha...e estão perto. Os sensores do jato estão doidos.
- Os sensores ainda funcionam depois de uma queda daquelas? - pergunta o outro agente encarregado da vigia.
- A SHIELD construiu essa belezinha para funcionar até cair aos pedaços, cara. Cada sensor tem uma instalação independente. Até as turbinas não vão dar muito trabalho para consertar.
- Não sabemos se esses meta-humanos são hostis, então é melhor verificar. Silkins, você vem comigo. Pegue duas pistolas, só por segurança. Dócrates, continue vigiando.
Voltando a Carla e Flash...
- Ouviu isso? - pergunta o velocista.
- Passos...vindo para cá.
- Acho que talvez esta ilha não seja tão deserta quanto eu imaginei. Você...não é uma pessoa normal, certo?
- Como assim?! Qual é o seu conceito de normal?
- Bem, eu corro uma maratona em meio segundo. Tem uma amiga minha que derruba um prédio com um grito.
- Entendi. Superpoderes. Bem, digamos que eu tenho um truque ou dois.
- Ótimo..porque é bem capaz da gente precisar deles agora. Pega minha mão.
- O que você vai...
Sem dizer mais nada, o velocista corre por toda a ilha até encontrar a fonte do som, e pára bem diante de Silkins e da Viúva Negra.
- Oi, gente - cumprimenta Wally West, sorrindo. - Se vocês não são agentes de nenhuma organização maligna, parece que estamos no mesmo barco.
- Nunca...mais...quero...fazer...isso de novo! - afirma Carla, esbaforida, respirando profundamente entre as palavras.
- Nem mais uma palavra, vermelhinho - ordena Silkins, apontando sua arma para a cabeça de Wally. - Queremos algumas respostas.
- Tá. Mas quais eram mesmo as perguntas?
- Abaixe essa arma, Silkins - ordena a Viúva Negra, empurrando o barço de seu subordinado para baixo. - Você viu a que velocidade nosso amigo de vermelho se aproximou. Não teria parado para dar "oi" se quisesse nos matar.
- O que não quer dizer que não tenhamos algumas perguntas para fazer a ele.
- Ótimo. Eu também tenho algumas perguntas pra fazer. E qualquer um que souber as respostas já ajuda - diz Carla. - Acho que estou mais longe de casa do que imaginei.
- Se você mora em Nova York, está mesmo - replica o Flash.
- OK. Eu não vou fazer nenhuma piada envolvendo o Kansas ou qualquer outra locação do Mágico de Oz, espertinho - afirma Carla, olhando para o céu e a vegetação à sua volta - Simplesmente acho que estou no universo errado.
- Sabe que agora que você disse isso eu acho que também estou?
- Uau. A roupa é tão apertada que o cérebro fica de fora?
- Você precisa ser tão sarcástica?
- Desculpa. É que é tão mais fácil que esquentar macarrão por 3 minutos.
- O que isso tem a ver?
- Esquece. Você já respondeu da roupa apertada.
- Será que dá pra vocês voltarem a ter uma conversa racional, por gentileza? - interfere a Viúva Negra.
- Desculpa. Me arranja uma roupa apertada. Pode ser preta ou vermelha. Aí ficamos iguais - brinca Carla, bufando - Isso tinha qe acontecer justo agora que a Lyta estava me ensinando a entender meus poderes...
- Peraí! - grita o Flash, tendo ouvido um nome familiar. Você disse Lyta? Pode descrever para mim?
- Bom, ela é...
- ...morena, megagostosa, roupa branca e dourada e voz de 'sou legal mas posso arrancar seu fígado'?
- Isso mesmo. Você conhece.
- Mais do que você imagina - limita-se a responder o herói de vermelho, sorrindo. - Obrigado, Carla. Agora eu tenho certeza de que a Liga pode se reunir novamente!
Com esta frase ainda ecoando no ar o Flash parte em disparada sobre o oceano, tão veloz que some de vista em meio segundo.
- Pra onde ele foi? - pergunta Silkins.
- Nem imagino - diz Natasha - mas está aí um poder que nos daria uma tremenda ajuda agora.
- Senhor, agradeço pela Vossa ajuda... - sussurra Carla, olhando para cima.
- Receio que só rezar não vá adiantar agora, moça.
- Carla.
- Lindo nome. Bem, Carla, agora que seu amigo ligeirinho fugiu, precisamos pensar num jeito de sair desta ilha...ou pelo menos de conseguirmos sinal de rádio. É melhor você voltar conosco para o acampamento.
- Espere, vou usar meu poder de criar barracas de camping.
- Você tem esse poder? - pergunta um dos soldados.
Carla bufa e sai andando.
- Acho que isso foi um "não".
- Rapazes, quero que conheçam Carla - após ouvirem esta frase, todos os agentes, mesmo os que parecem ainda dormir, acenam para Carla - Silkins e eu a encontramos na praia, ontem de madrugada. Gostaria que tivéssemos tempo para uma festa de apresentação, mas infelizmente não será possível. Temos que tentar encontrar um lugar onde nossos rádios funcionem. Talvez no topo de um destes morros?...
- Ouviram a Viúva, rapazes - anuncia Jeffrey, colhendo seus equipamentos espalhados. - Vamos embora.
- Por que aquele cara te chamou de "Viúva"? - pergunta Carla, caminhando ao lado de Natasha.
- Longa história - diz a ruiva.
Uma caminhada de cerca de uma hora leva o grupo até um morro onde um pequeno avião se encontra destroçado, pendurado de cabeça para baixo em meio a centenas de cipós.
- É definitivamente a coisa mais estranha que eu já vi - afirma Dócrates - e olha que a Fundação Kido entendia de esquisitices.
- Bem, pelo menos tivemos mais sorte do que esses caras - consola-se Jeffrey, apontando para o avião. - Acha que podemos ter sorte no topo deste morro, Viúva?
- Só há um jeito de saber. Vamos ter que escalar.
- Creio que não seja necessário - afirma uma voz misteriosa, vinda de um homem que parece surgir das trevas. A seu lado, uma bela mulher loira.
- Esta é a ilha deserta menos deserta que eu já vi.... - comenta Carla.
- Pelo que pude ouvir de suas conversas, vocês procuram por um local de onde possam enviar uma mensagem de rádio - afirma o homem da voz misteriosa - E se eu lhes dissesse que estão mais perto deste lugar do que imaginam?
- Eu responderia que muitas pessoas estranhas estão nos oferecendo ajuda ultimamente - devolve Silkins.
- Precisamos nos ajudar se tivermos alguma esperança de deixar este lugar - responde a loira recém-surgida.
- Imagino que nossos...colegas de ilha já tenham observado isso, Ártemis. De qualquer forma, creio que não nos apresentei. Meu nome é Maxwell Lord. Esta é Ártemis.
- Eu sou Natasha Romanoff - responde a Viúva Negra - Nosso avião caiu a um ou dois quilômetros daqui ontem à noite. Estamos tentando enviar um pedido de socorro, mas...
- Enviar mensagens por rádio é possível em apenas um lugar de toda a ilha - comunica Lord. - Posso levá-los até lá.
- Estejam com as armas prontas - sussurra Natasha, e todo o grupo de agentes discretamente obedece.
Por cerca de vinte minutos o grande grupo caminha, com os agentes da SHIELD conversando entre si e Natasha desejosa de saber mais sobre Carla. Pouco à frente do grupo, Maxwell Lord e Ártemis conversam aos sussurros.
- Vic...acha mesmo seguro levá-los à Estação Cyborg? - indaga Ártemis.
- Uma simples troca de favores, minha cara Ártemis - responde Vic / Lord - Esta mulher...Natasha...e sua equipe são militares, sem dúvida. Podemos utilizar seu treinamento para capturar Cross e os outros de seu grupo. Quanto ao resgate que eles tanto desejam...você sabe tão bem quanto eu que nunca vai chegar - subitamente, os passos atrás deles cessam. - O que...?
Vic / Lord e Ártemis olham para trás ao mesmo tempo, apenas para se depararem com...a selva. Não há qualquer sinal do grupo da SHIELD que até segundos atrás estava lá.
- MALDITO DARKSEID!!!!!!!! - grita Lord.
O mesmo lugar, em outro planeta Terra. Natasha e seus soldados surgem em meio ao Oceano Pacífico.
- Como é que nós viemos...?
- Alguém está vendo o avião?
- Como é que uma ilha desaparece assim?!
- Carla! Carla, cadê você?
- Dócrates, procure Carla - ordena a Viúva Negra. - Não sei se tem algo a ver com a ilha, mas o comunicador voltou a funcionar. Vou chamar um avião de resgate. Nick? Nick, preciso relatar...
- Quem é Nick? - responde uma voz feminina do outro lado, seguida pelo surgimento de uma bela mulher loira no monitor.
- Quem é você? Eu estou procurando por Nick Fury, diretor da SHIELD. Seu superior.
- O quê? EU sou Veronica Mars, diretora da SHIELD!
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