01: PILOTO
Sons. Ruídos. Gritos.
Um par de olhos esbranquiçados se abre, e observa a floresta ao seu redor. Ele se levanta, e sua escassa visão vai voltando ao normal. Ele ouve gritos e sai correndo.
O avião em pedaços. Pessoas feridas. Pessoas gritando. Pessoas ajudando umas as outras. Ele não tem dúvidas de que deve ajudar, e sai correndo. Uma turbina suga uma pessoa e explode. Uma mulher chora por socorro.
Pieter corre até ela e observa que a mulher está grávida. Ele então observa um homem robusto, perdido naquela confusão, e pede sua ajuda para levantá-la. Os dois levantam a mulher grávida.
- Leve-a para longe dessa confusão!
- Avião caiu...
- Leve-a!
Pieter então vê um homem muito ferido, e pede a ajuda de um homem que acabara de se levantar. Os dois vão até o ferido e o tiram de onde estava preso. O homem não resiste, e morre nas mãos de Pieter.
- Droga...
Então, um som agudo muito forte começa a desnortear a todos. Quem se manteve em pé pôde ver uma moça, que gritava e chorava de forma desesperadora e extremamente aguda.
Pieter corre para não desmaiar, e acaba parando perto de algumas árvores. Então ele percebe seus próprios ferimentos. Então ele vê uma jovem atraente, de traços nipônicos, perto dali.
- Ei, você!
- Eu?
- É, você.
A moça se aproxima.
- Qual seu nome?
- Kate.
- Kate, pode me ajudar aqui? É só jogar esse remédio aqui neste ferimento.
Kate olha o ferimento de Pieter, e fica com medo de machucá-lo.
- Pode ir. Sem problemas.
Kate então joga o remédio, que arde em Pieter. Ele agradece e coloca a camisa.
Na praia, as pessoas tentam se recuperar do que aconteceu. O homem rotundo localiza a moça grávida.
- Oi oi. Qual seu nome?
- Tora.
- Oi Tora. Você... você ta bem?
- É, eu acho que to legal.
- Jóia.
Um rapaz loiro localiza a moça que anteriormente foi vista chorando em meio ao desastre.
- Dinah?
- Oi...
- Você ta melhor?
- ...tô.
- Eu ouvi seu choro e...
- Quando eles vêm nos buscar?
- Não sei. Logo, eu acho.
- Bem que você podia arranjar alguma coisa para eu comer enquanto isso, né Michael?
Michael se levanta e sai andando.
Chega a noite, e todos tentam se acomodar na praia, fazendo fogueiras. Pieter monta uma cabana médica improvisada.
- Como você sabe como ajudar os feridos?, diz Kate.
- Eu sou médico, Kate.
- Ah... e esse homem aí?
Os dois olham um homem, aparentando cerca de quarenta anos, gravemente ferido.
- O ferimento dele é profundo. Temo que chegue a um pulmão.
- Nossa... Ele sobreviverá?
- Não sei. Não sei.
Enquanto todos estão na praia, um barulho estrondoso começa a sair da floresta. É o som de um animal gigantesco, e árvores começam a ser arrancadas. Todos se assustam, tentando imaginar que animal seria aquele, quando então a chuva começa a cair.
**
No dia seguinte, Kate tenta se banhar quando uma mulher, de estatura média e cabelos morenos, se aproxima. Seu nome é Susan.
Kate a observa, quando um homem, alto e esguio, de nome Randolph, se aproxima da mulher com uma espécie de tábua na mão.
- Pê-vo pê-cê pê-vai pê-fi pê-car pê-de pê-pa pê-po pê-com pê-qual pê-quer pê-um pê-a pê-qui?
A mulher então responde.
- Pê-des pê-cul pê-pe, pê-meu pê-ma pê-ri pê-do.
- Pê-trou pê-xe pê-su pê-shi... pê-a pê-cho pê-que pê-fi pê-cou pê-mui pê-to pê-bom. Pê-vou pê-o pê-fe pê-re pê-cer pê-aos pê-ou pê-tros.
Randolph então vai até o homem robusto e a grávida.
- Pê-vo pê-cês pê-que pê-rem pê-su pê-shi?
- O que?
- Pê-pei pê-xe. Pê-não pê-es pê-tão pê-com pê-fo pê-me?
- Olha amigo... Não sei o que é isso, mas não quero não, valeu?
- Pê-pei pê-xe?
- Não, valeu.
Randolph vai até um homem, que está perto de um garoto.
- Pê-pei pê-xe?
- Não, obrigado. Billy!
O homem chega até Billy.
- Billy, o que foi?
- O meu cachorro, o Krypto, sumiu.
- Calma que eu vou procura-lo, está bem?
O homem anda um pouco, até que encontra Susan.
- Hã...oi. Meu nome é Theodore, tudo bom?
A mulher nada responde.
- Você viu meu cachorro por aí. Ele tem pêlo branquinho, um chaveiro com um K.
A mulher nada responde.
- Droga... – Theodore sai andando. – Krypto! Krypto, garotão!
Theodore encontra Billy mais pra frente.
- Eu disse que eu ia procurar o cachorro.
Theodore vê que Billy segura um par de algemas.
- Onde você arranjou isso?
- Achei aqui.
**
Pieter chega até Kate.
- Eu vou ver o que há nesta floresta.
- Como assim?
- Ver se encontro alguma coisa, algum rádio... Se acho pelo menos a cabine do piloto, para de lá mandar um SOS.
- Acha que não vão nos localizar?
- É bom não arriscar.
Um rapaz, de cabelos desgrenhados, chega perto.
- E-eu posso ir junto?
- Quem é você?, questiona Kate.
- Meu nome é Rick.
- Rick? Bom, pode ir com a gente se quiser. Meu nome é Pieter, o nome dela é Kate. Vamos? – disse Pieter.
Rick e Kate mal começam a andar quando Pieter volta a falar.
- Se vocês virem ou ouvirem algo, corram.
**
Billy se aproxima de um homem, que joga ludo.
- O que você está jogando?
- Ludo.
- Como se joga?
- Ludo é um jogo para entender a vida, rapazinho. Todo mundo tem um lado azul, e um lado vermelho. Um lado amarelo, e um lado verde.
- Ah...
O homem olha bem para Billy.
- Posso te contar um segredo?
**
Os três começam a andar pela floresta e se sentem perdidos e intimidados. A floresta os cerca, cobre, ameaça por ser tão desconhecida deles. Eles caminham sem rumo certo, buscando algo encontrar.
- Já chegamos?, pergunta Rick.
- Não, diz Pieter.
- Já chegamos?
- Não...
- Já chegamos?
Os três então acham a parte da frente do avião.
- É... chegamos.
Os três entram no avião. Rick entra no banheiro, enquanto Kate e Pieter vão até a cabine do avião, onde encontram um homem aparentemente morto.
- Finalmente ajuda...
Pieter e Kate se assustam pelo homem ainda estar vivo.
- Você é o piloto?
- S-Sou... meu nome é Grasshopper, prazer...
Pieter se aproxima dele.
- Você está ferido?
- Um pouco, mas até que estou bem. Droga...onde fomos parar?
- Ainda não sabemos. Afinal, o que houve com o avião?
**
Rick, no banheiro, acha o pacotinho com pequenas pílulas, que havia deixado ali.
<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<< FLASHBACK
- Senhor, volte para a sua poltrona! Senhor!
Rick ignora a comissária e toma mais uma pílula. Então, o avião começa a chacoalhar. Rick esconde o pacotinho e sai do banheiro, correndo e sentando em uma cadeira qualquer.
Nisso, um estrondo e gritos.
>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>
Pieter tira o cinto de segurança de Grasshopper.
- Vamos. Você vem com a gente.
- Olha, levem isto...
Grasshopper entrega uma bateria para Pieter. Subitamente, um barulho começa a vir da floresta. Então, repentinamente, Grasshopper é arrancado com tudo pelo monstro, sem que Pieter e Kate pudessem ver que espécie de monstro é aquela.
Pieter e Kate descem correndo a inclinada cabine, encontrando Rick no caminho.
- O que houve?
- Corre!
- O que houve?!?
- Corre!
Os três saem correndo e acabam se distanciando uns dos outros. Rick corre desesperadamente, sem ver por onde vai, até que cai no chão e acha um corpo. Kate o encontra logo em seguida.
- Aaah!
- Sou eu, Kate! Sou eu! Rick!
Kate olha o corpo.
- Aaah! Pieter!
- Não! Calma!
- É o Pieter?!?
- Não, não! É o piloto! Calma. É o piloto...
Rick abraça Kate, que tenta se acalmar. Pieter chega.
- Vocês estão bem?
- E-estamos...
- Bom. Vamos andando...
**
Theodore anda um pouco e vê Billy com uma revista em quadrinhos.
- Billy? O que está lendo?
- Gibi...
- El Caballeros del Zodíaco... Você fala espanhol?
- Não. Estou só vendo as figuras.
- E o que rola na história?
- É uma luta do Hyoga com o Geki.
- Ah...
**
Pieter, Kate e Rick chegam até a praia, onde outros os recepcionam.
- Pessoal, chegamos até a cabine do piloto... Trouxemos isto.
Pieter mostra a bateria. Um homem de cabelo e barba desgrenhados chega até eles.
- Olá. Meu nome é Scott, e eu posso tentar montar um rádio para escaparmos daqui.
Outro homem, de cabelo liso com corte “tigelinha”, se aproxima.
- Eu não deixaria isso na mão dele se fosse você, médico. Esse cara é estrangeiro, vai saber se não derrubou o avião!
- Como ousa falar assim de mim?!?
Scott e o outro homem partem para a briga, mas Pieter os aparta.
- Acalmem-se os dois! Scott, você pode montar o rádio?
- Posso.
- Então fique com a bateria.
Pieter se afasta, enquanto o homem olha desconfiado para Scott.
**
Algumas horas depois, Scott procura Kate.
- Hã... moça.
- Oi?
- Eu montei o rádio.
- E funciona?
- Difícil saber. Aqui não pega sinal algum.
- E onde pegaria?
Scott olha para o topo de uma montanha.
- Lá?
- Lá.
O homem se aproxima.
- Eu não iria com ele se fosse você.
- E você quem é, meu protetor?
- Prazer gata, meu nome é Guy.
- Então, Guy, por que você não vem junto, se desconfia tanto de mim? – pergunta Scott.
- Taí uma ótima idéia, terrorista.
Os dois irmãos, Michael e Dinah, se aproximam deles.
- Olha... Minha irmã e eu queremos ir também.
- Ótimo, garoto! Vamos todos juntos nessa excursão escolar!
Rick se aproxima silencioso.
**
Kate, Scott, Guy, Rick, Michael e Dinah andam, com Scott sempre olhando para o rádio.
- E aí, conseguiu o sinal? – questiona Guy.
- Eu preciso de um espaço aberto e alto para conseguir algum sinal.
- Hunf. Pra mim isso é...
Subitamente, um barulho começa a vir da floresta e nota-se que se aproxima deles em alta velocidade. Enquanto Kate, Scott, Rick, Michael e Dinah se assustam, Guy calmamente saca uma arma e atira no que se aproxima, que cai no chão. Quando os outros se aproximam, ficam assustados.
- O que...é isso?, pergunta Michael.
- Bom, é... É um cara vestindo armadura de urso polar. - esclarece Guy.
- E de onde você tirou essa arma?, questiona Kate.
- Calma benzinho, eu sou do bem.
- Me dá essa arma.
- Eu não.
- Me. Dá. Essa. Arma.
- Se liga, Kate. Achei essa arma de um policial, agora é minha.
Guy mostra o distintivo. Michael se aproxima com as algemas.
- E como saber que você não é quem estava com estas algemas?
Guy olha para Michael, tira a munição da arma e lhe entrega a arma.
- Assim você para de desconfiar de mim a toa.
- Ta certo...
**
Kate, Scott, Guy, Rick, Michael e Dinah seguem, até que chegam em uma clareira.
- E então, gênio?, pergunta Guy.
- Estou detectando um sinal. – diz Scott.
- Então peça socorro!, diz Michael.
- SOS! SOS! Mayday! Mayday! Aqui é do LexAir 815, caímos!
..
- E então?
- Algo está estranho... Não consigo mandar mensagem, mas tem uma vindo...
Scott aumenta o volume do rádio.
“Aí manés, somo mil grau mas a parada zoou geral pra banca, valeu? Os mano tudo tomô uns pipoco doido e ta na vala...”
- O que é isso?
- Não consigo decifrar, é gíria de periferia...
Michael arregala os olhos.
- Minha irmã sabe falar essas gírias! Ela morou dois anos no Capão Redondo!
- Não sei falar essas gírias!
- Então o que você ficou fazendo lá?
Guy a puxa.
- Então, você sabe ou não?
Dinah pega o rádio e o coloca na orelha.
- Ela diz... “Caras, estava indo tudo bem, mas algo deu errado. Todos morreram, todos se foram...”
Todos se olham.
- 264894.
- Que foi, Scott?
- 264895.
- Que são esses números?
- Pelo que entendi, Michael, é o número de vezes que a mensagem se repetiu.
- Como é???
- Ela está ocupando o sinal a uns dezesseis anos...
Rick olha ao redor.
- Pessoal, onde nós estamos..?
JLOST
terça-feira, 14 de agosto de 2007
Assinar:
Postar comentários (Atom)













Nenhum comentário:
Postar um comentário